A Hipoglicemia

A sensação de impotencia é algo que realmente me deixa louca.Principalmente quando é uma situação que foge do meu controle.

Há poucos dias atrás, em um post, coloquei que estamos com uma funcionária nova, e que não consigo desligar completamente e me dedicar em tempo integral aos meus interesses profissionais. Ok.

Conversei com ela, parecia estar tudo indo bem quando, na segunda feira, eu precisei sair para banco, cartório e aproveitei pra treinar. O horario estipulado para ela sair é 15h30. Que doméstica sai cedo assim? A minha sai. E tudo bem, desde tudo esteja em ordem e não respingue em mim. Agradeço ao Papai do Ceu todo santo dia por ter uma pessoa me ajudando, porque eu tenho duzentas lesões e sou casada com um ser mega ultra bagunceiro. Amem.

Só que neste dia, eu saí, e ela saiu mais cedo. Parece bobagem, mas vieram fazer uma entrega importante, e adivinha: me ligaram para falar que não tinha ninguém em casa. Por QUINZE MINUTOS,  ela atrapalhou minha paz. Porque não ficou até a hora combinada? Eu não vou pagar o salário dela no dia certo, bonitinho?

ISSO ME TIRA DO SÉRIO!!! Se eu combinar algo com alguém vou me esfolar até a morte para cumprir, porque tenho palavra, não suporto falta de educação e de respeito. Realmente achei que tinha arrumado um problema pra minha vida. Fiquei MUITO, MUITO, MUITO  nervosa, não so pelo fato de ela ter saído e de eu ter avisado que ia chegar coisa em casa, mas porque eu me senti, sei lá, traída. Péssimo isso.

E o pior de tudo é que eu tenho o péssimo defeito de “ruminar”algo que me faz mal, de não conseguir falar com medo de magoar o outro, ou de passar do ponto. Aos olhos do outro sei que posso estar parecendo uma mega patricinha tipo “ah, não trabalha e tem que ter empregada”….mas essa é a pessoa mais importante que temos perto de nós, que cuida do nosso canto, que me ajuda, faz nossa comidinha….e me deixa estudar, cuidar dos meus textos, procurar um trabalho….em paz!

Eu ruminei aquilo a tarde toda, e contei tudo para o marido, e decidimos falar com ela juntos no dia seguinte.

Até que esse momento da conversa chegasse, eu sofri, dormi mal, e o pior de tudo….descompensei por completo a minha glicemia.

Mesmo comendo direitinho, fui dormir com 200. Eu havia feito esporte, quase não comi carboidrato no jantar, e não tomei insulina. Mas acordei às cinco da manha com 48 de glicemia, completamente ensopada. A condenada não subia, e fiz a burrada de usar 3 saches de glicose, no desespero de corrigi-la logo, e acordar cedo pra falar com a empregada sobre o tema HORARIOS.

Resultado, dormi mal, acordei péssima, e com….264. Porque 3 saches de glicose? Sou uma anta, definitivamente.

Café da manhã tomado, conversa feita ( nossa, depois que passa, eu me pergunto porque tenho tanto medo de falar com alguém sobre o que me incomoda), e a glicose FICOU ali, acima dos 200. Santa Adrenalina e santo Cortisol, que não me deixam relaxar.

Mais algumas doses de insulina e melhorei. Passei o dia todo fazendo contas, planilhas, projeções ( quem disse que cuidar do orçamento doméstico é simples para uma ascendente em Virgem?) e fui para a academia no final da tarde.

Até postei aqui a glicemia ANTES,  e ainda fiz um lanchinho: uma fatia de pão integral com requeijão e uma xícara de chá preto com um pouquinho de leite ( amooo!). E fui.

Estava com preguiça de fazer musculação, fiz uma hora e dez minutos de esteira ouvindo música e assistindo TV ao mesmo tempo e ao final do “passeio”comecei a me sentir MUITO mal. Fui correndo à lanchonete, peguei vários saquinhos de açucar e sentei. Depois de alguns saquinhos ( desesperada pq não conseguia quase falar), medi: 48. Desespero total, peguei um pirulito. Completamente GROG, entrei no carro e comi um pacotinho de bolachinha agua e sal mini. Já percebi que ia subir demais, porque eu enlouqueci nesta hipo ( isso acontece raramente, só quando eu estou MUITO mal).

Mais tarde, já em casa, jantei. E fui medir a glicemia  já com medo: 310. Claro, só poderia estar assim.

Eu fiquei PÉSSIMA. Só tive forças para tomar banho e dormir.

Achei que havia dormido suuuper bem, mas hj cedo meu marido falou que eu gemi a noite, não parei quieta…que saco!

Acordei com 136 e até agora ela está estável. Só que eu estou cansada, com sono, dor no corpo….como se tivesse levado uma surra. E porque?

Simplesmente porque o corpo ainda não conseguu se recuperar do efeito gangorra de ontem. Passei 10 dias lindamente controlada, com poucas hipos e hipers, mas aqui está uma prova concreta do que o meu descontrole emocional é capaz de fazer: uma verdadeira bagunça.

Hoje estou estranha, pode ser que nem vá treinar, pra me recuperar bem para amanha cedo .Vamos ver.

Mas isso me fez pensar em uma coisa que acontece muito com os diabéticos insulinizados. As hipers destroem, as hipos também. E é muito difícil manter um controle o tempo todo!

Hoje volto a tomar meu chá verde, que fazem dois dias que não tomo, e cuidar muito desse corpo porque eu preciso dele pra fazer tudo!!! Não é verdade?

Por isso vou falar aqui m pouco sobre HIPOGLICEMIA, acho bem legal sempre ler, relembrar, se informar sobre novidades e o que fazer para lidar bem com essa montanha russa. Afinal, mais dificil do que não te-las, é te-las e depois na sequencia ter uma hiper, outra hipo, mais uma hiper….Isso é muito ruim e perigoso!

Vamos ver como será o resto do meu dia.

O CONTROLE DO DIABETES

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Está bem estabelecido que o bom controle glicêmico faz toda a diferença entre os portadores de Diabetes Mellitus. Tanto a hiperglicemia (taxa elevada de açúcar  no sangue) quanto a hipoglicemia podem levar a complicações graves nestas pessoas. A hiperglicemia provoca  complicações em longo prazo como derrame, infarto, cegueira e insuficiência renal. No entanto, ao intensificar o tratamento do diabetes, corre-se o risco de desenvolver a hipoglicemia, potencialmente fatal.

Hipoglicemia é definida como uma queda importante da taxa de açúcar do sangue. Outra definição de hipoglicemia é todo episódio envolvendo baixos níveis de açúcar que expõe o indivíduo a um potencial risco de vida. Assim, além do nível de açúcar baixo, a velocidade de queda do açúcar e a duração desta hipoglicemia podem ser perigosas. A hipoglicemia é considerada severa quando vem acompanhada de desmaio, convulsão e coma.

Os riscos referentes à hipoglicemia são maiores nos extremos de idade: crianças pequenas e idosos. Nas crianças pequenas, pois necessitarão de auxílio de um adulto para reverter o quadro. Em idosos, o risco de infarto é maior naqueles que apresentam hipoglicemia frequentes.

Muitas pessoas têm medo de apresentar hipoglicemia, seja pelo desconforto que ela traz, seja por medo de perder o controle. Por isso discutiremos o quê fazer durante estes episódios  e como preveni-los. De qualquer modo, para se evitar a hipoglicemia devemos realizar a automonitorização glicêmica sistematicamente, e manter estreito contato com seu endocrinologista.

Algumas pessoas tem a sensação de hipoglicemia mesmo com valores normais de glicose. Isso ocorre quando estão mal controladas há muito tempo. Quando começam a corrigir a glicemia e os valores caem para valores normais, a sensação é de hipoglicemia. Neste caso o melhor a fazer é conversar com seu endocrinologista para controlar o diabetes de forma mais lenta e progressiva.  Os idosos que apresentam hipoglicemia têm risco maior de infarto, derrame e morte súbita. Por este motivo, os valores de glicemia em idosos são um pouco mais elevados do que em jovens.

O que pode causar hipoglicemia?

A hipoglicemia ocorre devido um desbalanço entre o açúcar do sangue e a insulina. Portanto, podemos apresentar hipoglicemia quando:
1. Utilizamos insulina (ou comprimidos) na dose acima da recomendada pelo endocrinologista,
2. Comemos menos que necessitamos para a quantidade insulina ou comprimidos utilizados (por exemplo, a criança não come o lanche, ou fica muito tempo sem se alimentar),
3. Fazemos atividade física exagerada sem nos alimentarmos para repor a glicose queimada durante este exercício,

4. Outros fatores como: vômitos, diarreias, má-absorção alimentar, alteração da dose de insulina, uso de bebida alcoólica não acompanhada de alimentos.

O que sinto se tiver hipoglicemia?

 Quando ocorre a hipoglicemia, nosso corpo não tem energia suficiente para funcionar de maneira adequada. Quando uma pessoa tem hipoglicemia ela pode se sentir mal, com sensação de tremor, suor frio e muita fome. Nas crianças os sintomas são diferentes, mesmo porque muitas não sabem verbalizar o que sentem. Por isso quando acompanhamos uma criança com DM1 é importante observar se ela desenvolve pesadelos, terror noturno, alucinações visuais, sonambulismo (todos em caso de hipoglicemia noturna). Às vezes a criança pode apresentar alteração de comportamento, agressividade, fala confusa, choro ou riso fácil. Em crianças que já têm idade suficiente para entender o que é o diabetes e conseguem verbalizar seus sintomas, é importante orientar sobre os sintomas de hipoglicemia e pedir para elas avisarem um adulto que estiver próximo imediatamente.
Habitue-se sempre carregar o aparelho de hemoglicoteste para avaliar o nível de glicose. Às vezes os sintomas de hipoglicemia podem se confundir com hiperglicemia.
Os sintomas de hipoglicemia podem se modificar ao longo dos anos de diabetes até deixarem de ser percebidos. Hipoglicemia recorrente é o principal motivo para parecer a hipoglicemia assintomática. Esta é uma situação grave, pois a pessoa pode simplesmente desmaiar, ter convulsões ou vir a falecer, sem oportunidade de ser socorrida. Por isso é importantíssimo a automonitorização do açúcar, já comentado no último artigo (revista Botucatu Especial n 27). Caso apresente episódios muito frequentes de hipoglicemia (2 a 3 episódios por semana) contate seu endocrinologista para que possa reavaliar a dosagem de sua medicação.

O que devo fazer em caso de hipoglicemia?

Se apresentar sinais e sintomas de hipoglicemia, verifique imediatamente a glicose no aparelho. Caso não tenha o dispositivo por perto, é melhor tratar como se fosse hipoglicemia.

A ingesta de algum alimento rico em carboidrato (açúcar) de absorção rápida pode reverter o processo. Como exemplo:

2 colher de sopa de açúcar diluída em agua (bochechar antes de engolir) ou
1 colher de sopa de mel (bochechar antes de engolir) ou
1 copo de suco de laranja de caixa ou
2 a 3 tabletes de glicose
Realizar o hemoglicoteste (“ponta-de-dedo”) após 15 minutos e repetir a ingesta caso glicemia permaneça baixa ou mantenha os sintomas. Geralmente a resposta glicêmica com os alimentos dura menos de 2 horas. Portanto, é aconselhável ingerir um lanche imediatamente após a glicemia chegar aos valores normais.

Mas atenção: chocolates e doces a base de chocolates não devem ser utilizados para correção da hipoglicemia. Eles contêm alta taxa de gordura o quê torna a absorção de açúcar muito lenta. Assim não temos a agilidade necessária para corrigir imediatamente a hipoglicemia.

E se a minha glicemia não normalizar?

Caso você tenha repetido o procedimento acima e após outros 15 minutos sua glicemia ainda não esteja subindo, dirija-se a um pronto socorro para receber glicose endovenosa. Lembre-se que esta é uma emergência e deve ser tratada como tal.
 Não tente ficar corrigindo sozinho em casa. Avise algum parente ou amigo do quê esta se passando para que ele possa te auxiliar. Pelo mesmo motivo é importante que as pessoas que convivem com você saibam que você é diabético. Muitos diabéticos tentam esconder o fato, por vergonha ou medo de preconceito. Porém, fazendo isso, aumenta  o risco de não conseguir reverter o quadro de hipoglicemia. Nessas horas, sem alguém para te socorrer, pode ser fatal.

Quando a hipoglicemia é severa, com rebaixamento do nível de consciência ou quando desmaiamos ou temos convulsões, é necessário aplicar glucagon. O glucagon é um hormônio contrarregulador da insulina: ele eleva a taxa de açúcar e bloqueia a insulina. Ele reverte imediatamente a hipoglicemia, sessando a convulsão ou desmaio. Habitualmente quem aplica a ampola é um parente, e deve levar o indivíduo ao pronto socorro logo após ele recuperar a consciência. É importante ter uma ampola de glucagon em casa para emergências. Deve ser usado quando a glicose: estiver baixa e a pessoa não conseguir comer ou beber ou estiver vomitando; hipoglicemia com desmaio ou convulsão; a glicemia continua caindo apesar das medidas de reposição de carboidratos. Procure seu endocrinologista obter orientação quanto a aplicação do glucagon.

Atenção: nunca coloque comida ou bebida na boca de uma pessoa desmaiada ou com convulsão. Ela pode aspirar o alimento e ir para o pulmão, ou pode engasgar e piora o quadro de emergência.

Como evitar a hipoglicemia?

1. Não ficar longos períodos sem comer,
2. Alimentar-se quando for fazer atividade física,
3. Fazer automonitorização frequente para poder tomar as medicadas necessárias em caso de hipo ou hiperglicemia,
4. Não mexer na dose de seu medicamento/insulina sem falar com seu endocrinologista,
5. Para crianças e adolescente com diabetes: é recomendável que parentes, amigos e professores saibam sobre o diabetes e o que fazer em caso de hipoglicemia,
6. A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda o uso de braceletes ou outros tipos de identificadores comprovando  que a criança é diabética .
Portanto, quando falamos em controle de diabetes, a palavra chave é ESTABILIDADE: tente manter sua taxa de açúcar sanguíneo estável, sem grandes oscilações entre altos e baixos. Faça a automonitorização. Conheça como o diabetes atua em você, pois tudo o que você faz (atividade física, dieta, stress, emoção), pode afetar o nível glicêmico. Desta forma prevenimos as complicações crônicas e agudas do Diabetes, e principalmente o incômodo da hipoglicemia.
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fonte: Portal Diabetes / Dra. Bibiana Prada de Camargo Colenci
http://drabibiana-diabetesesaude.blogspot.com

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