Porque a Bomba de Insulina entrou na minha vida

Semana passada completei 37 anos e 34 anos de Diabetes Tipo 1 um pouquinho antes ( exatamente no dia 30 de maio). Como já contei em alguns posts, faço parte de um grupo de pessoas que não teve contato logo de cara com tratamentos de ultima geração e alimentos dietéticos.

Meu controle – apesar de eu ser atendida por um médico renomadíssimo, já que na época meu pai era um alto executivo da Industria Farmacêutica – era muito ruim. Usei insulina de origem suína, depois bovina, insulinas mistas e,  finalmente, alguns anos depois, a insulina humana. Usei a NPH por muitos anos, até que, em 2000, fui convidada para participar de um protocolo da Insulina Inalada na UNIFESP.

Por sorte, entrei para o grupo dos que se aplicariam insulina, e, a partir daquele ano, passei a ser usuária da revolucionária insulina Lantus (Glargina) que, ao contrário da insulina NPH, não realizava mais picos, o que diminui consideravelmente as hipoglicemias e hiperglicemias, além de ser aplicada apenas uma vez ao dia.

Meu controle melhorou, as glicadas cairam de 14% para 7,5%, 8%, 9%. Fiquei no protocolo por muitos anos, a inalada não vingou, e o tratamento se prolongou ainda por dois anos.

Juntamente com essas mudanças, apareceram complicações em 1997 ( na época eu usava a NPH duas vezes ao dia e a Regular antes das refeições). A Retinopatia apareceu de uma forma tão severa que poderia sim ter perdido a visão. E a nefropatia veio acompanhando o quadro de desespero dos meus pais. Estava na faculdade.

Com a Lantus, apesar de  não obter os resultados esperados 100%, meu estilo de vida melhorou. Passei a ser mais ativa, me cuidar melhor .

E o que isso tudo tem a ver com a bomba?

Assim como as insulinas ultra-rápidas e análogas de longa duração revolucionaram o tratamento dos pacientes com diabetes tipo 1, a Bomba de Infusão de Insulina surgiu prometendo um tratamento quase que igual ao que o pâncreas natural produz. As bombas antigas não eram tão confiáveis, mas, ao longo dos anos a tecnologia evoluiu e hoje é possivel quase que reproduzir a função do pâncreas através do equipamento.

As bombas melhoraram tanto que, atualmente, são consideradas o melhor método de aplicação de insulina em quase todas as pessoas que precisam dela.

As bombas modernas são bastante semelhantes às bombas de infusão intravenosa (EV) usadas em hospitais para distribuir medicamentos. Geralmente têm o tamanho de um pager e pesam cerca de 113 g. Cada bomba possui um tubo plástico fino ( catéter), com uma extremidade conectada ao reservatório de insulina dentro da bomba e a outra extremidade a uma canula plástica fina. Essa canula  geralmente é colocada sob a pele do abdome usando-se uma agulha de inserção, que é removida depois que a canula está no lugar. O local da canula  muda a cada dois a três dias e do cateter. seis.

Isso significa que, em vez de serem necessárias 8 a 12 injeções de insulina durante um período de dois a três dias, você precisa apenas de uma injeção de agulha para colocar a canula, durante o mesmo período, quando usa uma bomba. Sua bomba de insulina é programada para aplicar insulina a uma taxa específica durante o dia e a noite (sua taxa basal) para compensar o fenômeno do amanhecer e atender as suas necessidades básicas diárias. Com isso, você fica livre para comer a qualquer momento, além de não ficar mais amarrado às horas das injeções de insulina, o que reduz significativamente o risco de hipoglicemia. Sempre que comer, você simplesmente direciona a bomba para aplicar a insulina para equilibrar a quantidade de comida ( contando a quantidade de carboidratos ) que você deseja ingerir.

Como muita gente  sabe, venho tendo alguns problemas há alguns anos, encerramos uma empresa, fiquei sem trabalho, tentei voltar ao mercado – e não sei porque – não consegui como gostaria. Isso somam-se um “tombo”financeiro , a morte do meu pai, e as novas dificuldades que apareceram nos ultimos anos. Isso afetou muito o meu controle, e, no início desse ano, a glicada disparou a 8,3 %, um susto.

Uma forma de pelo menos tentar minimizar o estrago veio através da possibilidade de eu colocar o SICI ( Sistema de Infusão Continua de Insulina) para tentarmos estabilizar meu quadro “montanha russa glicemica”. O primeiro passo foi me informar como fazer. Depois, partir para a ação. Farei dois meses de teste com a bomba da Roche.

Eu confesso que relutei, reneguei, justifiquei durante anos que estava bem com a Lantus e Humalog mas, na real, eu NÃO  estava bem não. Principamente quando, no inicio do ano, minha glicada foi a 8,3%, depois de anos e anos abaixo de 7,5. O resultado  dessa alta afetou minha vida de tal forma que procurei a endócrino, além da conversa que eu já havia tido com o ginecologista, e chegamos a conclusão de que o melhor caminho para que eu não me complique mais seria sim, tentar a terapia de infusão contínua.

E aqui estou eu, com ela a tiracolo. Coloquei hoje de manhã.

Confesso que pra mim ainda é uma novidade que não consigo nem falar se gosto ou não. Mas estou achando uma experiencia diferente e interessante. Porque não precisei, por exemplo, tomar insulina após o almoço. Minha glicemia, desde a instalação, que estava me 217, não passou de 120. Será?

Com a intenção de compartilhar com todos os que acompanham o blog e pensam no assunto bomba pelo menos com um interesse, vou postar, a partir de hoje, um diário de todas as minhas experiências, percepções, emoções e controles. Serão dois meses compartilhando essa grande novidade  em minha vida.

O que estou sentindo agora?

Eu sabia que, no momento que eu colocasse a Bomba, eu daria um passo a frente nos objetivos da minha vida, do meu casamento, do meu amadurecimento. Agora tenho que correr atrás pra conseguir concretizar tudo isso.

Acompanhe aqui o dia a dia dessa novidade, vamos ver como – e quanto – minha vida vai mudar com a bomba!

Um brande beijo a todos

 

O Kit

 

Ajuste das doses feitas pela endocrino

 

A insulina foi transferida para o dispositivo da bomba

A insulina foi transferida para o dispositivo da bomba

 

E la foi o cateter para a minha barriga!

E la foi o cateter para a minha barriga!

 

 

 

 


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